terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Bíblia do Funk

Dar categoricamente o título de “criador de um gênero musical” a algum artista, é polêmica certa! Mas alguns nomes conseguiram transcender qualquer polêmica e acabaram por se tornar quase que unanimidades. Chuck Berry teria criado o rock’n’roll, Tony Allen e Fela Kuti o afro-beat, João Gilberto a bossa nova, Tony Iommi o heavy metal...
E James Brown criou o funk!
Sintetizando outros gêneros da música negra norte-americana (gospel, rythim ‘n’blues, soul, jazz...), James Brown concebeu uma célula rítmica definitiva, que influencia a música pop até hoje.
Mas para dar a força necessária a concepção do Godfather of Soul, uma banda a altura seria escalada.
Por quase 12 anos, The J.B.’s foi essa banda. Nomes seminais do verdadeiro funk fizeram parte deste grupo: Fred Wesley, Maceo Parker, “Bootsy” Collins, Jimmy Nolen, “Catfish” Collins...
‘The J.B.s- funky good time: the anthology’ é uma compilação indispensável para conhecer o melhor do funk e entender sua gênese. Abrangendo gravações de 1970 a 1976, 30 faixas preciosas dos J.B.’s e seus desdobramentos: Fred Wesley & The J.B.’s, The James Brown Soul Train, Maceo and The Macks, The Last Word, Fred & The New J.B.’s, The First Family, Maceo e The J.B’s with James Brown. Apesar desses vários ‘subgrupos’, os músicos são praticamente os mesmos em todas as formações.
Sempre sob a rédea curta de James Brown (que reza a lenda, multava o músico que cometia algum deslize na execução), o que se ouve nesses registros é um som quente e suingado, recheados de improvisos jazzísticos e vocais “gritos de ordem” típicos do Mr. Dynamite (que por vários momentos ataca no órgão) e de seus pupilos. A cozinha (2 baterias, 2 guitarras e contrabaixo) é de uma “pressão” e coesão irretocáveis. Os naipes de metais, desfilam temas explosivos e com uma “pegada” impressionante.A impressão que se tem, é que os músicos tocam como se não houvesse amanhã; como se cada compasso da música fosse tocado pela primeira e última vez, tamanha a vontade na execução.
Em tempos de tanta música pasteurizada, esta compilação é uma aula de honestidade a ser seguida.
Sem massagem.
Via Pastilhas Coloridas.

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